
Para o governo americano, interna e externamente complicado por causa da Guerra do Vietnã, era um momento de triunfo e alívio, pois cumpria-se a promessa do presidente Kennedy (morto em 1963) de até o final da década levar o homem à Lua e trazê-lo de volta são e salvo. O módulo Eagle, fotografado da nave Colúmbia, diminui sua velocidade para pousar na Lua Armstrong caminha no Mar da Tranqüilidade, região lunar escolhida para o pouso do Eagle Gamma
A Terra vista sobre o horizonte lunar é uma das mais belas imagens captadas pela Apolo 11. Os americanos deixaram na Lua aparelhos científicos e coletaram 21,7 kg de amostras Os astronautas Armstrong e Edwin Aldrin também fixaram, além de sua bandeira, uma placa com a inscrição: Aqui, homens do planeta Terra pisaram na Lua pela primeira vez. Nós viemos em paz, em nome de toda a humanidade. Eles ficaram 134 minutos fora do módulo lunar Eagle (águia, em inglês), percorreram 250 metros da superfície lunar e recolheram 21,7kg de amostras para serem analisadas na Terra. Instalaram ainda vários equipamentos de pesquisa: sismógrafo, refletor de laser, antena para comunicação, câmera de TV e um painel para pesquisas sobre o vento solar. O terceiro astronauta, Mike Collins, ficou em órbita dentro da nave-mãe Colúmbia (homenagem a Cristóvão Colombo) durante as 21 horas e 36 minutos em que o módulo lunar Eagle permaneceu na Lua.
No dia 21 de julho, os motores do Eagle foram acionados e ele se reacoplou à nave-mãe. Armstrong e Aldrin voltaram a bordo e deixaram o conjunto girando na órbita lunar. Três dias depois, a Colúmbia fez uma amerissagem no oceano Pacífico e foi resgatada pelo porta-aviões Hornet. Tudo muito bonito. Mas como foi possível?
É importante saber que, para pisar na Lua há 30 anos, a humanidade percorreu um longo caminho. Os primeiros passos para essa conquista foram dados nos séculos XVI – com Galileu Galilei e Johannes Kepler – e XVII, com Isaac Newton. Galileu descobriu que os astros se moviam e faziam parte de um conjunto também em movimento. Suas pesquisas atraíram a atenção de Kepler e, juntos, elaboraram mapas da Lua e do universo exterior. Galileu descobriu também que um objeto em movimento continua sua trajetória eternamente, desde que forças externas não atuem sobre ele: é a Lei da Inércia. É o que aconteceria com uma nave espacial que conseguisse escapar da atração da Terra e de outros corpos celestes.
Essa descoberta é fundamental para as viagens espaciais, pois torna possível que um satélite artificial ou uma astronave percorra milhões de quilômetros sem gastar combustível. Enquanto isso, Kepler dizia que a Terra girava em torno do Sol a uma média de 110 mil km/h, formando uma elipse cujo semi-eixo maior tinha 150 milhões de quilômetros. Portanto, prometia o cientista, quando as naves espaciais saíssem da Terra, encontrariam os astros num movimento cósmico sincronizado, ao qual teriam de se ajustar.
Newton, no final do século XVII, resumiu as teorias de Kepler e Galileu na Lei da Gravitação Universal. E explicou como a Lua se mantém em movimento em torno da Terra: um projétil disparado horizontalmente do alto de uma montanha será, pela atração da Terra e segundo a Lei da Inércia, desviado do caminho reto; fará uma curva e cairá no solo. Quanto maior for a velocidade de lançamento, mais longe irá o objeto. E, se ele for lançado a uma velocidade maior que um certo valor crítico, o projétil fará uma volta em torno da Terra e repetirá esse movimento indefinidamente. Esse é o princípio de funcionamento de um satélite artificial. Newton formulou ainda a 3ª lei da Dinâmica: a toda ação corresponde uma reação igual e contrária.
Assim, se uma pessoa que está dentro de uma embarcação lança um objeto com força, a embarcação se movimentará no sentido contrário ao do objeto lançado. É justamente nesta lei que se baseia a propulsão do foguete. Escape para um lado, movimento para o outro. As teorias de Newton tiveram ampla divulgação e, no século XX, passaram a ser empregadas na Astronáutica. Sobrevivência no espaço não é possível sem medidas especiais de proteção. Desprotegido, o corpo humano pode morrer por asfixia devido à falta de oxigênio, morrer ainda mais rapidamente pela ebulição do sangue provocada pela ausência de pressão externa (na Terra, há uma pressão atmosférica média de 1kg/cm2), morrer de frio ou de calor.
Também é necessária uma proteção contra as radiações cósmicas emitidas pelo Sol e outras estrelas. Para isso foram criadas roupas especiais. A tripulação da Apollo 11, por exemplo, usava três tipos de traje: um na capsula Colúmbia durante as fases mais críticas do vôo, que mais tarde era trocado por um traje mais leve. Sob ele, os astronautas vestiam uma roupa íntima permanente especial, contendo uma cinta com sensores médicos e um capuz com microfones e fones de ouvido. Para descer à superfície lunar, Armstrong e Aldrin usavam uma roupa pesada (na Terra, pesaria 82 kg; na Lua, apenas 13,8) que permitia uma permanência de 2h40 min. Trajes mais modernos (foto) permitem ao astronauta sair da nave em pleno vôo para, por exemplo, fazer algum reparo. Apesar de sua composição altamente nutritiva, a comida do espaço era sem gosto e bem diferente da ingerida na Terra.
Hoje em dia, porém, astronautas já dispõem de um cardápio variado, com alimentos liofilizados (secos a baixísssimas temperaturas), solúveis em água, sucos em lata e frutas secas. Mas, já em 1898, um cientista autodidata russo, Konstantin Tsiolkovsky, formulara todos os princípios matemáticos do vôo espacial. Gamma Além disso, ele descreveu as vantagens do uso de uma mistura de oxigênio e hidrogênio líquidos como combustível. Tsiolkovsky morreu em 1935, sendo hoje considerado um dos pais da Astronáutica. Outro grande pioneiro foi Hermann Oberth, nascido na Transilvânia. Em 1923, Oberth publicou sua tese de doutoramento que, além de desenvolver mais as técnicas de utilização do combustível líquido, propunha o conceito de estágios no vôo de foguetes. Oberth foi o primeiro cientista a usar a expressão estação espacial.
No dia 14 de outubro de 1935, no deserto de Roswell, Novo México (EUA), era lançado o primeiro foguete de grande alcance movido a combustível líquido. Com 3 m de comprimento, voou a 2100 m de altura, percorrendo uma distância de 4130 m à velocidade de 990 km/h. O inventor era o físico americano Robert H. Goddard. Suas descobertas foram tão importantes que a Nasa pagou um milhão de dólares à sua viúva pela cessão de duzentas patentes que ele registrou. Enquanto isso, na Alemanha nazista, Hitler viu que era possível criar uma nova e eficaz arma para atingir a Inglaterra.
Entre os pesquisadores, destacava-se Wernher von Braun, que dirigia a produção industrial de armas. Em 1942, foi testado com sucesso o primeiro foguete, conhecido como bomba V-2. Com 15 m de comprimento, capaz de alcançar 100 km de altitude e uma distância de 360 km, carregava na sua ogiva uma tonelada de explosivos. A V-2 era o primeiro grande foguete construído pelo homem. As pesquisas realizadas para a construção do motor, obtenção do combustível e sobretudo a dirigibilidade do projétil, representaram um avanço gigantesco no campo da tecnologia espacial. Com o fim da guerra, os americanos conseguiram levar para os Estados Unidos von Braun e mais 115 especialistas de sua equipe, além de trezentos vagões cheios de equipamentos (incluindo cem V-2 intactas).
Os russos, por sua vez, abocanharam fábricas de foguetes e uma centena de técnicos ligados à produção da V-2. Com a capitulação da Alemanha, o mundo se dividira em duas potências: Estados Unidos e União Soviética. Começava a Guerra Fria e, com ela, a corrida espacial. Quem sairia na frente? Apesar dos esforços americanos, os soviéticos ganharam o primeiro round: a 4 de outubro de 1957, a URSS surpreendeu o mundo ao lançar o Sputnik 1, primeiro satélite artificial a entrar em órbita. Era uma esfera de alumínio de 83,6 kg, 58 cm de diâmetro, cheia de nitrogênio para manter constante sua temperatura interna. Com dois pares de antenas de 2,4 e 2,9 m, o Sputnik emitia um sinal de bip-bip a cada 96 minutos. A freqüência do sinal indicava a temperatura dentro do satélite e as características de sua propagação forneciam informações sobre a ionosfera terrestre.
O tremendo impacto do Sputnik só foi superado pela chegada do homem à Lua. Os russos foram os primeiros a ultrapassar o campo de gravidade da Terra, inaugurando as viagens exploratórias à Lua. Em 12 de setembro de 1959, a sonda Lunik 2 foi o primeiro engenho humano a atingir a superfície lunar. No campo dos vôos tripulados, os soviéticos também foram pioneiros: em 12 de abril de 1961, lançara a Vostok 1, carregando o primeiro astronauta da história, Yuri Gagarin, que realizou uma volta completa em torno da Terra. Ao avistar nosso planeta do espaço, ele disse a célebre frase: A Terra é azul! A corrida espacial acabou ampliando as conquistas científicas e tecnológicas. Com o fim da Guerra Fria, a corrida transformou-se em cooperação internacional.
fonte:quediaehoje.net
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